sábado, julho 29

Abraço

E o meu pai aproxima-se e abre os braços, num jeito de fazer as pazes, de contrição, de desespero, de tentar descobrir em mim a pequenita de cabelo encaracolado que corria para os braços dele e lhe repetia paizinho amigo, gosto muito de ti e pede-me dá um abraço ao paizinho e eu dou e ele já não é grande e alto e já não pega em mim ao colo…


photo by daydreamers

sexta-feira, julho 28

Hoje tinha tanto para escrever que quando tentei começar não consegui.
Passei o dia entre o viver e o narrar para mim o que estou a viver. “Não viver a vida mas escrevê-la, com uma pequena distância de morte” disse Pedro Paixão. Desde que li isto tentei parar com este vício.
Antes de escrever há todo um ritual. Faço tudo o que tenho a fazer, não deixo nenhuma obrigação para depois. Isolo-me na segurança da solidão do meu quarto e ligo o computador. Ao olhar para a imagem da folha branca no monitor vomito tudo o que não consigo conter dentro de mim que são sobretudo inquietações e momentos que me marcaram.
Hoje não consegui mas como ainda está tudo cá dentro, a inquietação continua cá como uma azia e não há comprimidos para isto. Mais tarde ou mais cedo virá tudo cá para fora.



Sandbord no Sahara, photo by Louise Chin

quinta-feira, julho 27

Com o livro tapo o sol que apesar dos óculos me ofusca com toda a sua claridade. O livro é de Milan Kundera, vestígio da herança de conhecimentos que o Di compartilhou comigo antes de prosseguir.
Entre imagens invocadas pelo livro e a musica que me entrava dos ouvidos por via dos auscultadores e por vezes uma inquietação percorria-me o corpo como brisa.
Uma brisa das que anuncia tempestade.

terça-feira, julho 25

Férias! Praia de areia branca e água quente.
Ao empacotar o portátil, placa de rede, i-pod, a minha Sony p200 de estimação, carregadores, cabos usb, enfim, todo o arsenal habitual de gadgets e afins, lembro-me da resposta que um dia o meu pai me deu, numa discussão que tivemos, acerca do antigamente é que era bom:
“Antigamente não tínhamos as coisas. Hoje em dia somos escravos delas!”

segunda-feira, julho 24

E um dia um dos meus amigos desconhecidos surpreende-me com um carinho: um poema feito a pensar em mim, na minha história. Obrigada, Hung! Obrigada por gastares tempo comigo...




A Quimera

Imergi nums olhos
Femininos , que de tão azul
Esmerava pela luz

Levava-me a correnteza
Para um lugar chamado saudade
Cortada por um véu do tempo

D´ali tenho vagas lembranças
De todos que ali remaram
Simplesmente

Os quadros vão velados
A quimera posterioga
Nau que mão minha ancora

Não sabemos quando voltar poderemos
E tampouco o preço a pagar
Os viajantes envelheceram

Virginal inocência
Lá fora, está aos pedaços
Lá fora, fulmina violência

Não há para onde fugir
Não há a quem gritar

E sombras disformes vão parar
Dela, as lágrimas
Todos os sinais são brilho
Do instinto, não da razão
Espera-me, pois quando retornar
Voltarei mais forte
A rever-te.

Hung

sábado, julho 22

Andava a deambular pelo YouTube e dou de caras com uma musica que gosto bastante. O video não é o que estava à espera, dada a letra que tem, mas gostei. Aqui fica... Quinteto Tati com "Suor e Fantasia"

quinta-feira, julho 20

A minha vida não é sempre má. Sei bem que as minhas paranóias são muitas vezes infundamentadas e que se eu me esforçar saio dos meus estados pseudo-depressivos. Pseudo porque tenho a mania de me achar pseudo. Passei a adolescência (metade da minha vida) a ser uma “wannabe”. Queria ser magra, queria ser independente, queria ser culta. Também queria tirar um curso de pintura e escrever um livro, mas já não desenho há anos e só escrevo um diário e um blog pseudo erótico e pseudo mete nojo, mas emagreci 9kg, descobri que prefiro ser dependente e vou-me cultivando.
Apesar de tudo o que acho que me acontece de mal estou-me a tornar na pessoa que queria ser por isso a vida não tem motivos para ser assim tão má.

Ainda assim, mesmo nos momentos em que devia estar bem aquela sensação não desaparece.

“precisas de mais... quantos espíritos se rendem ao diletantismo por não conseguirem sair das teias de aranha onde nasceram. rendem-se. não faças isso!!! acho que já vi ou ouvi de muitos que se perderam nesses labirintos...:( mas não desistas. não deixes de acreditar que o sonho torna-se real! olha, tu és bonita, sedutora, inteligente, sensível, culta! se tu não consegues vencer a "sociedade nojenta" em que vivemos... quem mais o poderá!?” Diz-me um anjo.
Nada como um anjinho assim para me puxar o lustro ao ego e mo pôr a brilhar.

terça-feira, julho 18

photo by digifox

Como de costume, no fim do duche enrolei a toalha à volta da cabeça. Enquanto lavava os dentes vi-me ao espelho e quis ser como aquelas mulheres que cobrem os cabelos e guardam a beleza só para o marido. Surpreendi-me com este pensamento, porque não parece coisa minha, nunca tive receios em procurar o prazer físico, mas estou a pôr em causa o valor desse prazer.

Sei que estou assim por causa do P. e dos discursos dele acerca das qualidades da rapariga que ama. Não é porque não sou eu a pessoa que ele ama, mas pela forma como ele fala dessas qualidades de “menina seria” que eu sei que perdi há bastante tempo. Mesmo com o P. que somos só amigos e nunca nos envolvemos física ou emocionalmente, eu sou a outra na vida dele. O mesmo com o D.. A veneração deles vai para elas e não para mim.

Não que me arrependo do tempo que passei com eles, acho que nem da minha vida até aqui. Nunca amei ninguém como O amo, foi essa parte importante de mim que guardei para ele.

Porque me afecta então o que diz o P.? Porque apesar de saber que Ele me ama, preciso também que Ele o demonstre.

sábado, julho 15

current status: happy

Eu, a Marisa, a Joana e a minha irmã fomos ver o filme "Ritmo e Sedução". No fim ficamos tão entusiasmadas que queríamos ir dançar! A Joana tinha que ir trabalhar e por isso não podíamos sair, mas ao ver a cidade falaram em tirar fotos e eu arrastei-as para o convento da rainha santa. Com a vista linda da cidade nocturna a servir de cenário, estivemos a dançar e a cantar, até à viagem de regresso e à despedida. Uma noite tão simples e ao mesmo tempo tão divertida… Andava a precisar disto: de um momento de felicidade pueril.

quinta-feira, julho 13

No Skype:

ZIZo0o u R ThE BesT says:
so tell me wat u did today ?
ZIZo0o u R ThE BesT says:
how u spend ur day
Luzita says:
i had an exam
Luzita says:
i visit my grandparents
ZIZo0o u R ThE BesT says:
in wat ?
Luzita says:
i went to the house i lived when i was a kid
ZIZo0o u R ThE BesT says:
looooool



Falar com desconhcidos é bom... mas no fundo é irrelevante.

terça-feira, julho 11

Curent status:

Acendo um cigarro que me sabe mal: já nem estes pequenos prazeres me animam.
Vejo-me no jardim e tudo é minha volta é belo, menos o que sinto e o que me vai pela cabeça.
Por um momento quis desaparecer.

Thanatos, The Times, 10 Fevereiro 1997

Inquitação

Autista apercebo-me que sempre estive deslocada do tempo e por isso nunca o aproveitei.
Preciso cortar as unhas dos pés. O quarto vazio onde passo o meu tempo não tem nada de mim.
Sobre as cadeiras repousam as roupas, camisas-de-forças que coleccionei com o tempo e que não me consigo ver a vir a libertar-me.
O Di disse que só há passado e presente, não há futuro. Sempre esperei pelo futuro que hoje é presente e o que sinto é que não estou à altura! E pior, na expectativa, desperdicei o passado!


Image by Freaking Muse

segunda-feira, julho 10

current status : nervous breakdown


image by Curvacious

domingo, julho 9

A inquietação da consciência por uma culpa que não é só minha e ainda assim um acto de contrição e a espera pelo perdão.
Estamos ambos magoados mas amamo-nos. Temos que aprender a ceder, a recuar e a pôr-nos à disposição do outro e a compreender o outro.


image by Oversensing

sábado, julho 8

Lavo o corpo de um dia de hipocrisia familiar passado na praia. Na memória a expectativa do encontro e o pesar da desilusão.
Agora as lágrimas misturam-se com água do duche: a incerteza da mágoa e a aflição do arrependimento.


photo by Christopher Baker

sexta-feira, julho 7

O jacto de água quase fervente bate-me na pele das costas. Relembro-nos no duche a lutar pela água até eu ceder e sair chateada, para depois ficar ele chateado com a minha demora a barrar-me com cremes e a preparar-me para sair.

Será que foi só um sonho?


foto de Gabriele Rigon

Para quebrar o silêncio da hora tardia ligo o i-pod em shufle.
“Às vezes no silêncio da noite…” canta-me Caetano Veloso ao ouvido. A letra traduz o que sinto… ligo o computador, procuro a letra e envio-lha.
A resposta surge três dias depois, com um pedido de desculpas pela ausência e a sugestão de um encontro.
Gostaria de não ter de pedir…