sexta-feira, setembro 28

A Noite

À noite, com cuidado para não fazer barulho, saía pela porta da cozinha de trás e ia-me sentar nos degraus de pedra que vão dar ao jardim.
Enquanto fumava, gostava de sentir o pulsar do mundo. Ao pé de mim, só se ouve o barulho de latidos ou de algum fruto a cair. Morceguitos pequeninos e brancos rodeiam a luz dos postes de electricidade a três metros de distância. Aqui, no cimo do monte, o vento trás o barulho surdo do bulício da noite. Carros passam lá ao longe, na A1, seja a que hora for. Lá ao fundo, por detrás dos campos de milho, está Coimbra. Emoldurada pelos montes, coroada pela universidade, cheia de luzinhas pequeninas, como uma cidade de brinquedo ou de sonhos.

Sonhava em sair, conhecer a noite. Fazia planos de conhecer o mundo, pessoas e lugares e experiências. Queria ser uma Carrie Bradshaw, um Dom Quixote, um Martin Luther King, uma Madre Teresa de Calcutá ou uma Simone de Bouvoire. Ou então queria ser eu mesma mas à solta.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não existe coisa melhor do que sermos nós próprias!

30/9/07 7:07 da tarde  

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