terça-feira, agosto 7

pinar?

Havia uma farmácia chamada Estácio.

O meu avô foi ajudante de farmacêutico. Está constantemente a contar histórias das farmácias. Pensava que era só mais uma.

Havia uma farmácia chamada Estácio. Ao pé tinha um sinal que dizia “Proibido estacionar.” Logo ao lado tinha os móveis Pina. O Sr. X (não tenho jeito para nomes, e mesmo que me lembrasse não o diria aqui) perguntou: Proibido pinar?

Eu fiquei chocada. O meu avô a contar-me uma piada porca? Nem é porca… mas ver o meu avô a usar a palavra pinar à minha frente…
Deixem-me explicar. Desde pequena que a minha família chegada, a que me criou, ninguém diz palavrões à minha frente. Nem mãe, nem pai, nem avós, nem tias. Às vezes a raiva, e nunca o desaforo, leva a minha avó a dizer “badamerda”, mas, nem merda se diz na minha casa nem casa da minha avó. Foda-se, caralho, etc., são palavras que eu ouvia dizer. Nem os adultos uns com os outros diziam palavrões lá em casa. São palavras tabus. Isso já sobeja em minha casa. Assuntos tabus. No outro dia deu uma reportagem sobre um movimento de virgens americanas que exibem a virgindade como um valor que os torna mais que qualquer outra pessoa. Foi dos momentos mais constrangedores dos últimos tempos. A mim apetecia-me rir à gargalhada. Mas tal como eu nenhum de nós mostrou qualquer reacção e passado um pouco o meu pai resolveu mudar de canal.
São como o pai do Buda.

Seja como for, o meu avô já não me considera uma menina. O que me faz sentir bem.