sexta-feira, agosto 4

O meu bife vegetariano

I
Depois de algumas experiências degradantes relacionadas com o álcool e do facto de estar sozinha noutro país, longe de casa e sem ninguém a recorrer resolvi ser abstémia. Permito-me apenas a beber um copo de vinho à refeição – adoro vinho.
Na Irlanda existe uma grande cultura do álcool. Numa noite em que as conversas se arrastaram para uma hora tardia contaram-me que está relacionado com a educação católica: os instintos são reprimidos pela consciência da sociedade, pelo que o álcool é o pretexto: estava alcoolizada… aconteceu. A teoria tem o seu “quê” de possível.
Por entre os estudantes, no mínimo semanalmente, cada um compra as suas bebidas e depois encontram-se em casa de alguém para as beber antes de ir sair. Nesse dia a minha casa é o ponto de encontro de trinta colegas e amigos. Às nove horas a mesa da sala de estar está coberta de garrafas, sacos de gomas e de batatas fritas, copos e chávenas de chá. Ouve-se música bem alto e a pequena varanda tem sempre um grupinho a fumar e eu faço parte desse grupo. Não se fuma em casa porque duas das minhas colegas com quem vivo não fumam. Estamos habituados a vir fumar para o frio, porque aqui existe um smoking ban. Não se fuma em locais públicos em zonas fechadas, apenas em áreas reservadas. Não é mau, posso ir a uma discoteca sem ficar com aquele cheiro horrível na minha roupa ou impregnado no meu cabelo e as áreas de fumo são óptimos sítios para conhecer pessoas – eu que o diga. Se as pessoas que fumam têm que se afastar, vão conversar à parte. Numa pausa para relaxar no trabalho, as conversas estreitam relações ajudam a espalhar mexericos. Se quem não fuma quer também continuar a conversa tem que ir para as áreas de fumo. Os números indicam que em vez de reduzir o consumo, esta mediada governamental de banir o fumo fez aumentar consideravelmente o número de fumadores.
Quando já começa a escassear o álcool por volta das dez e meia, começa a discussão para onde é que vamos sair. Não dura muito, todos conhecem bem os bares e os dias da semana a que se vai a cada um deles, bem como onde é que se anda a passar o quê. Naquela noite decidimos ir ao Coppers, uma discoteca que à segunda-feira é muito frequentada por polícias e estudantes de enfermagem. Apanhamos uns táxis e fomos. Depois de enfrentar a fila na entrada e o habitual carimbo na mão, são onze e meia.
Lá dentro dançamos e elas continuaram a beber. Como não bebo à meia-noite e meia estou farta de toda a gente. À uma descubro que não tenho mais tabaco, mas preciso de fugir delas e retiro-me para a área de fumo sozinha.


Continua…

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

olá miduda! recordações ... ora amargas ora luxuosas!!!! :) espero que estejas bem... beijinhos:)

4/8/06 1:38 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home