sexta-feira, maio 18

Luzita no mundo dos adultos


Um destes dias eu e uns amigos acampamos em casa de um amigo meu. Enquanto tomávamos pequeno-almoço, a mãe dele fez um bolo. Ao oferecer ajuda percebi que ela não estava a seguir nenhuma receita, misturou simplesmente uns ingredientes ao acaso. “Não gosto muito de seguir receitas”, disse-me ela, enquanto batia os ovos sem separar as claras das gemas e ia misturando açúcar.

Isto chocou-me mais do que devia...

Para mim o mundo dos adultos tem regras. Claro que tem regras, vivemos em sociedade! Regras como lavar os dentes antes de deitar, fazer a cama quando nos levantamos, não nos deitarmos tarde a meio da semana. A minha família sempre me transmitiu imensas regras, demais até. Regras e rotinas. Rigor. E eu sempre tentei arranjar maneira de as quebrar. Os sobre protegidos são assim: ou se acomodam ou se revoltam. Eu revoltei-me, ou pelo menos achava que me tinha revoltado. Assumir comportamentos desviantes na adolescência e professar opiniões e maneiras de estar diferentes daquelas que nos foram ensinadas não é uma revolta assim tão grande. Por mais que eu não queira, a educação que tive impõe-me regras de conduta social às quais eu não consigo fugir. Agora, sair de casa sem fazer a cama “faz-me espécie”... Eu sei que mudar faz parte do processo de crescimento, mas preferia continuar uma adolescente revoltada, de esquerda, com a mania que sou intelectual e que quero mudar o mundo e fugir às regras.

Razão tinha a minha tia quando dizia “Lá porque aos 18 és incendiária, não quer dizer que aos 30 não possas ser bombeira”.